quarta-feira, 31 de julho de 2013

Os dez males para um praticante de Budô e as dez virtudes para ser um Ninja



         Segundo John Stevens (Segredos do Budô – Editora Cultrix), a lista a seguir vem de um manuscrito da Escola de Kashima Shin. Todos nós, praticantes de alguma arte marcial ou não, faríamos bem se superássemos cada um desses males, que refletem as falhas do caráter.
        
Os dez males para um praticante de Budô:
1.      Insolência;
2.      Confiança excessiva;
3.      Ganância;
4.      Raiva;
5.      Medo;
6.      Dúvida;
7.      Suspeita;
8.      Hesitação;
9.      Desprezo;
10.  Vaidade.

Apesar de os ninjas serem freqüentemente vistos como os assassinos medievais japoneses, mestres em ações clandestinas, fraudes e desordens, diversas escolas de ninjutsu aspiravam manter os padrões éticos dos samurais. A seguinte lista faz parte do texto ninja Bankawa Shukai.

         As dez virtudes para ser um Ninja
1.      Lealdade;
2.      Bravura;
3.      Conhecimento Estratégico;
4.      Dinamismo;
5.      Integridade de Caráter;
6.      Boa Saúde;
7.      Responsabilidade;
8.      Simplicidade;
9.      Conhecimento dos ensinamentos de Buda e de Confúcio;
10.  Dom da Palavra.

Textos extraídos do livro "Segredos do Budô", organizado por John Stevens (Editora Cultrix).

terça-feira, 30 de julho de 2013

Vinte Regras para o Treinamento Continuado



Segundo John Stevens, em seu livro “Segredos do Budô”, os jovens samurais, no início de sua educação formal, eram instruídos por seus mentores a fazer uma cópia destes ensinamentos e depois assinar e datar o documento, como um compromisso para toda a vida.
        
         Vinte Regras para o Treinamento Continuado

1.      Nunca minta.
2.      Nunca se esqueça de ser grato a Deus.
3.      Nunca se esqueça de ser grato aos pais.
4.      Nunca se esqueça de ser grato aos professores.
5.      Nunca se esqueça de ser grato aos companheiros humanos.
6.      Não faça nada para ofender aos deuses, aos budas e aos idosos.
7.      Não aja de má vontade para com as crianças pequenas.
8.      Não aborreça os outros com seus problemas.
9.      Não há lugar no Caminho para a raiva e para a ira.
10.  Não se regozije com o infortúnio alheio.
11.  Faça o melhor que puder para fazer o que é melhor.
12.  Não vire as costas aos outros para só pensar em si mesmo.
13.  Quando comer, tenha em mente o trabalho árduo dos agricultores que cultivaram o alimento. Nunca seja devastador de plantas, árvores, solo ou pedras.
14.  Não se vista com roupas finas nem perca tempo com a aparência física.
15.  Comporte-se sempre de modo adequado, usando de boas maneiras.
16.  Sempre trate a todos como a um ilustre convidado.
17.  Para superar a ignorância, aprenda com o maior número de pessoas.
18.  Não estude ou pratique artes só para tornar famoso o seu nome.
19.  Os seres humanos apresentam pontos bons e pontos ruins. Aceite a todos e não se ria de ninguém.
20.  Esforce-se para comportar-se bem, mas mantenha em oculto as boas ações e não busque o elogio dos outros.

segunda-feira, 29 de julho de 2013

Os ensinamentos de Tempu Nakamura

         Tempu Nakamura (1876 – 1968) foi um filósofo popular muito influente, fundador da yoga japonesa (Shin Shin Tôitsu-dô). Depois de passar por uma juventude violenta, Tempu acabou desenvolvendo uma doença que colocou sua vida em risco aos trinta anos de idade. Ele correu o mundo em busca da cura para o seu problema, conseguindo recuperar a saúde através do Yoga. Com mais de quarenta anos, Tempu tornou-se um mestre espiritual, começando a ensinar nas esquinas das ruas. A quantidade de membros de sua associação, a Tempukai, cresceu aos milhares. Seus ensinamentos são simples, diretos e práticos.
  • O que há de mais importante para o ser humano não é o que ele ou ela tem entre as orelhas; é o que está no seu coração. Se o espírito for forte, pode-se realizar qualquer coisa.
  • Você só vive uma vez. Mantenha-se no presente. O passado já se foi, e o futuro é desconhecido.
  • Não tente remover todas as suas paixões. As paixões fazem nascer a atividade heróica. Realize sua paixão e isso lhe trará felicidade.
  • Não pense no trabalho – qualquer trabalho – como um dever. Se for um dever, ele vai tornar-se um fardo. Como você transforma um fardo num prazer? Vivendo de modo respeitoso, correto, positivo e corajoso.
  • Ao levantar-se de manhã, saúde o dia com vigor. Durante o dia, abstenha-se de pensar ou dizer: “estou confuso”, “sou fraco”, “estou triste”, “preciso de ajuda”. À noite, antes de dormir, liberte-se de seus pensamentos de tristeza, raiva ou irritação. Pense em coisas agradáveis.
  • Não trabalhe demais.
  • Reflita constantemente sobre o estado da sua mente.
  • Aproxime-se dos outros de uma maneira clara e positiva.
  • Seja sempre agradecido, honesto, gentil e agradável.
  • Fale de modo verdadeiro e honesto.
  • O corpo e a mente formam uma única entidade; a vida segue as leis naturais básicas que não devem ser violadas.
  • Sua atitude em relação à vida determina os seus resultados.
  • A melhor atitude fundamenta-se em respeito, coragem, verdade e pureza.
  • Alimente-se da energia vital sendo saudável, corajoso, decidido, determinado e vigoroso.
  • Quando você enfrentar uma situação estressante: contraia o ânus; concentre-se na parte inferior do abdomen; e, relaxe os ombros.
Texto extraído do livro "Segredos do Budô - Ensinamentos dos Mestres das Artes Marciais", organizado por John Stevens (Ed. Cultrix).

sábado, 27 de julho de 2013

Princípios do Budô

História
O Budô foi uma derivação do antigo bujutsu, conjunto de disciplinas que eram colocadas em prática nas batalhas durante o período Sengoku-jidai, que durou cerca de 150 anos, entre a metade do século 15 e início do século 17. No Sengoku-jidai, os samurais lutavam por sobrevivência.
Ao contrário do conturbado período de guerras do Sengoku-jidai, o período Edo (1603 - 1867), também conhecido como Período Tokugawa, foi marcado pela paz no arquipélago. Com o fim das guerras, as técnicas de lutas que os guerreiros travavam foram ensinadas às pessoas comuns. Criou-se, então, um código oral em que o “espírito da esgrima” (ken-no-kokoro), considerado a base do Bushidô (Caminho do Samurai), foi transmitido para os praticantes. E como não havia um inimigo, as lutas ganharam características de competição. Para que o caráter competitivo não tomasse conta dos treinamentos, o Budô foi introduzido para ser o caminho espiritual por meio do qual o praticante das lutas de artes marciais atingiria a iluminação.    
Pode-se então dizer que os objetivos do Budô estão intimamente ligados ao objetivo definitivo da filosofia Zen, que consiste na eliminação do ego, dos preconceitos e ilusões criadas pela mente humana, apegada aos prazeres da Terra.
Durante o Período Edo, surgiram centenas de escolas e modalidades de bujutsu (práticas de combate) com diferentes técnicas, definições e métodos. Essas novas lutas se caracterizaram nas atuais artes marciais japonesas que tem como fonte principal o Budô.
Quem bebeu dessa fonte e se tornou um dos símbolos do ideal budoka foi o samurai Miyamoto Musashi. Depois de muitas lutas vencidas, o guerreiro percebeu que o objetivo das artes marciais ia além da técnica e da aniquilação do adversário. É, então que ele entende a filosofia do Budô.
Assim como a técnica requer prática, para um budoka atingir suas metas, ele precisa praticar incessantemente as premissas do Budô. Aliada à prática, o estudo teórico também é importante para atingir a serenidade diante das situações complicadas da vida.

O que um guerreiro deve seguir
A fim de conservar os princípios básicos do Budô, a Associação Japonesa de Budô decidiu escrever, em 1987, uma Carta do Budô, em que estabelece alguns ‘mandamentos’ para a prática:
1. Por meio do treino mental e físico é possível formar o caráter do budoka, de modo a tornar um indivíduo disciplinado e de bem;
2. Agir com cortesia e respeito durante o treino e desenvolver o equilíbrio entre o corpo, a mente e a técnica. Evitar a tentação de perseguir apenas a técnica de luta corporal;
3. Ter a humildade e autocontrole durante uma competição ou formas definidas de combate (kata);
4. Demonstrar respeito e cortesia no dojô;
5. Os professores devem encorajar a evolução dos seus alunos e não devem dar ênfase somente às competições ou habilidade técnica;
6. As pessoas que promovem o Budô devem ter mente aberta para compreender os valores tradicionais japoneses. Elas devem desenvolver pesquisas e metodologias de ensino para a sua divulgação;
7. Não importa quão rápido seja o movimento, este deve emanar de uma essência calma e silenciosa;
8. A adversidade não faz esmorecer um praticante do budô, ajuda-o a florescer;

O que o guerreiro deve evitar
Os dez males aos quais um budoka não deve se entregar, segundo um manuscrito da Escola de Kashima Shin:
- insolência;
- confiança excessiva;
- ganância;
- raiva;
- medo;
- dúvida;
- suspeita;
- hesitação;
- desprezo;
- vaidade
 (retirado do livro Segredos do Budô, organizado por John Stevens. Editora Cultrix, 11ª edição)

terça-feira, 16 de julho de 2013

Uma breve introdução

Todas as coisas possuem uma essência divina interior e uma maravilhosa função exterior. A essência de uma árvore manifesta-se em suas flores maravilhosas e na sua folhagem abundante. A essência da árvore não poderia ser percebida se não houvesse flores e folhas. Os seres humanos possuem uma essência divina interior que não pode ser vista, mas que se manifesta com as maravilhosas técnicas do budô.
(Trecho extraído do livro Segredos do Budô, de John Stevens)


Conta-se na mitologia japonesa que existe um demônio repressor, chamado Shoki, que age de maneira muito dinâmica, pronto para subverter um oponente. Há também um duende das águas, o Kappa, que assume uma posição natural e descontraída. Assim que surge uma oportunidade na defesa do adversário, o Kappa entra em ação. Essa capacidade de assumir as duas posturas, ataque e defesa, de acordo com as circunstâncias pode ser chamada, atualmente, de Budô, filosofia que inspirou todas as artes marciais japonesas atuais, como Aikidô, Judô, Jukendô, Karatê, Kendô, Kyudô, Naguinata, Shorinji-kempo e Sumô. Formada pelos ideogramas “bu”, que significa “guerreiro”, e “do”, que significa “caminho”, essa filosofia tem forte influência do zen-budismo, uma vez que estipula como meta final a iluminação do ser.
Portanto, pode-se dizer que a prática do Budô vai muito além das lutas nos tatames. Ela é a bússola para o caminho espiritual do budoka, praticantes dessa arte. Aos olhos de todas as artes marciais japonesas modernas, o Budô é compreendido como a relação entre a ética e a cultura japonesas. Não desanimar diante das adversidades, mas sim aprender com os desafios, ser disciplinado e respeitar o oponente são alguns dos ensinamentos do Budô. Pensando assim, não só um praticante de artes marciais, como qualquer pessoa pode utilizar os ensinamentos do Budô para controlar suas emoções e impulsos, tornando-se assim, um verdadeiro guerreiro iluminado.

História
O Budô foi uma derivação do antigo bujutsu, conjunto de disciplinas que eram colocadas em prática nas batalhas durante o período Sengoku-jidai, que durou cerca de 150 anos, entre a metade do século 15 e início do século 17. “No Sengoku-jidai, os samurais lutavam por sobrevivência. As técnicas começaram a ser valorizadas no Período Edo”, explica Masaru Kanzaki, mestre de Kobudo, a arte dos samurais, a mais antiga arte marcial japonesa.

Ao contrário do conturbado período de guerras do Sengoku-jidai, o período Edo (1603 - 1867), também conhecido como Período Tokugawa, foi marcado pela paz no arquipélago. Com o fim das guerras, as técnicas de lutas que os guerreiros travavam foram ensinadas às pessoas comuns. Criou-se, então, um código oral em que o “espírito da esgrima” (ken-no-kokoro), considerado a base do Bushidô (caminho do samurai), foi transmitido para os praticantes. E como não havia um inimigo, as lutas ganharam características de competição. Para que o caráter competitivo não tomasse conta dos treinamentos, o Budô foi introduzido para ser o caminho espiritual por meio do qual o praticante das lutas de artes marciais atingiria a iluminação. Pode-se então dizer que os objetivos do Budô estão intimamente ligados ao objetivo definitivo da filosofia Zen, que consiste na eliminação do ego, dos preconceitos e ilusões criadas pela mente humana, apegada aos prazeres da Terra.

Durante o Período Edo, surgiram centenas de escolas e modalidades de bujutsu (práticas de combate) com diferentes técnicas, definições e métodos. Essas novas lutas se caracterizaram nas atuais artes marciais japonesas que tem como fonte principal o Budô.
Quem bebeu dessa fonte e se tornou um dos símbolos do ideal budoka foi o samurai Miyamoto Musashi. Depois de muitas lutas vencidas, o guerreiro percebeu que o objetivo das artes marciais ia além da técnica e da aniquilação do adversário. É, então que ele entende a filosofia do Budô.
Assim como a técnica requer prática, para um budoka atingir suas metas, ele precisa praticar incessantemente as premissas do Budô. Aliada à prática, o estudo teórico também é importante para atingir a serenidade diante das situações complicadas da vida.

Fonte: madeinjapan.uol.com.br